É uma síndrome
que se caracteriza por problemas na
comunicação (mesmo as pessoas verbais têm fala atípica e dificuldade para
expressar ideias e sentimentos); na socialização (possibilidade de mal-estar em
meio aos outros, pouco contato visual e compreensão por vezes precária das
conversas); e no comportamento (padrões repetitivos e movimentos
estereotipados, como balançar o corpo). É um conjunto de sintomas, não exatamente
uma doença. No Brasil, não há qualquer estatística, mas pesquisas em outros
países apontam para algo como um autista em cada cem habitantes. Você não sabe
ou não quer saber, mas pode ter um aí ao seu lado.
Foi num gesto
contra o preconceito e o isolamento que a presidente Dilma Rousseff sancionou,
em 27 de dezembro do ano passado, a lei nº 12.764/12, conhecida como Lei
Berenice Piana, em homenagem à mãe de Itaboraí (RJ) que tanto batalhou pelo
projeto que pode beneficiar seu filho e milhares de outros.
A nova lei dá
direito a atendimento especializado e obriga o Estado e as entidades privadas a
garantir o acesso à educação e ao mercado de trabalho, dentre outros direitos.
Escolas e planos privados de saúde não poderão rejeitar pessoas com autismo, e
estas terão como reivindicar prioridade no atendimento. O gestor escolar que
recusar a matrícula de um aluno com deficiência pode receber multa de 3 a 20
salários mínimos.
Os pais e
profissionais que defendem o ensino especial (por acharem que os alunos
aprendem mais assim e ficam protegidos de bullying, argumentos sérios que devem
sempre ser levados em conta) vêm se queixando de uma desvalorização dos
trabalhos voltados diretamente para autistas. Mas a redação da lei não impede
que as escolas especiais continuem a existir. O que não tem havido é incentivo
público a essa ala da educação, opção que precisa continuar a ser debatida,
pois é polêmica. Talvez abordar o tema da inclusão escolar nos dias atuais,
represente mais a expressão de um anseio de que pessoas com quaisquer
deficiências possam estar em escolas regulares, que a revelação de uma ideia clara acerca de ações que indiquem como, de fato, a inclusão deverá ser
implantada de modo efetivo.
Nesse contexto,
discutir a inclusão é tarefa, no mínimo, desafiadora, uma vez que implica em
dizer o que já foi dito tantas vezes e aquilo que, entretanto, ainda resta por
dizer. Penso que em se tratando de inclusão, faz-se necessário pensar para além
da esfera das pessoas com deficiências e avançar na discussão da relação que a
escola estabelece com o “diferente”, identificável a partir de um padrão
previamente definido.
Muito urgente também
é a criação de uma política pública para o autismo. O Estado brasileiro
praticamente ignora o assunto. E o passo inicial é simples: propagar pelo país
experiências como da Apae de Ipatinga, referência nacional em atendimento a autistas e tantos outros
exemplos.
Acredito que as
oportunidades de inclusão de alunos com autismo tendem a aumentar, com o passar
dos anos. Penso que quanto mais as pessoas, de um modo geral, e, em especial,
os profissionais da área da educação, souberem acerca dessa síndrome
(características, estilos de comportamento, etc.) mais se abrirão vias de
acesso à entrada dos mesmos nas escolas regulares. Creio que incluir pessoas
portadoras de TID em classes regulares seja algo possível numa escola
inclusiva, conforme os parâmetros que proponho.
A ideia de
inclusão que apresento poderia a muitos parecer utópica, se pensarmos no tempo
presente. Entretanto acredito que, se a realidade é construída pelo social,
pode ser substituída por outra realidade utópica apresentada.
Se, conforme
disse Cornelius Castoriadis, grande filósofo, economista e psicanalista francês
“o real é também, aquilo que pode ser transformado’’, a utopia não estaria
apenas em querer-se “instalar a razão no imaginário’’, mas talvez mostrar que
os dois, razão e imaginário são duas faces de uma mesma moeda”“. O real é
aquilo que pode ser transformado pelo imaginário e o imaginário aquele que um
dia, ao aproximar a realidade da imaginação, transforme o que era imagem em
real.
Sabemos que
educar é um ato de amor. Não só com alunos com necessidades especiais das mais
diversas formas, mas a qualquer aluno. Respeito
as diferenças e ao aluno é essencial. Queiramos nós, em um futuro
próximo, sermos educadores com excelência. Creio que... AMOR, RESPEITO e DEDICAÇÃO
são as chaves pra alcançarmos nossos ideais.
Izilda Rodrigues
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