terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

É preciso saber viver...



Em visita   a minha aluna  Rosimar  na  Casa  da  Esperança, em janeiro de 2013.  Quanta pureza neste sorriso!  É sempre muito bom estar com ela!!!
Admito que apesar de vivenciar lindas histórias de superação em meu trabalho  na prática com Educação especial, fui muito impactada  com a história da adolescente autista descrita em minha postagem anterior.
Me lembrou de um livro realmente extraordinário: ‘A lição final’ (de Randy Pausch), do qual, dentre tantas preciosidades, recordei lhe o seguinte: “Não podemos mudar. Temos de resolver como reagir. Não podemos trocar as cartas que recebemos, mas apenas pensar como jogar."
E é isso.. após 11 anos enclausurada em seu próprio corpo, ela triunfou.
Nada obstante as cartas “desfavoráveis” que recebeu, ou seja, os obstáculos inevitáveis que o autismo acarreta, ela provou o óbvio (esse tal óbvio que acorrenta tanta gente): que os obstáculos não estão ali para te impedir de seguir.. mas sim, para te dar a oportunidade de provar a força dos teus anseios... que eles tão somente existem para barrar aqueles que não querem realmente transpô-los.
Enfim, ela afirma e clama: “Eu tenho autismo, mas isso não é quem eu sou. Gaste um tempo para me conhecer antes de me julgar."
Quem dera tal tempo sempre fosse concedido. Há tanta pressa em uma rotulação, que as pessoas, sem se dar conta do real tamanho do seu atraso, não costumam esperar o tempo suficiente para serem surpreendidas, digo, não ultrapassam nem as mínimas barreiras para se permitir impressionar pelo outro.
“Moral da  história: preste atenção. Mesmo onde você enxerga um vazio, pode ter gente dentro.”
É o tipo de história que inevitávelmente nos expulsa da cegueira e trivialidade cotidiana. Tal como um escapelo, ele corta a carne da alma de quem lê, e deixa, em letras "de letreiro de farmácia", o aviso: 'Acordem para ver o que tem que ser visto!”
História realmente emocionante deste grande ser humano que já não se encontra mais entre nós! Não esqueça jamais: "Não podemos trocar as cartas que recebemos, mas apenas pensar como jogar.” Randy Pausch

A partir  da história  da adolescente autista, lembrei-me desta linda mensagem, que também nos ensina muitas coisas...

Izilda Rodrigues

Deus Escolhe as mães

Deus pairou sobre a Terra, selecionando o seu instrumento de propagação com um grande carinho e compassivamente, enquanto Ele observava, Ele instruía seus anjos a tomarem nota em um grande livro:
- Para a mãe Sebastiana, um menino e o anjo da guarda Mateus.
- Para a mãe Maria, uma menina e como anjo da guarda Cecília.
- Para a mãe Fátima, gêmeos, e como anjo da guarda, mande Geraldo.
Pronunciando um nome, sorri e diz:
- Dê a ela uma criança deficiente.
O anjo cheio de curiosidade pergunta:
- Por que a ela Senhor? Ela é tão alegre...
- Exatamente por isso. Como eu poderia dar uma criança deficiente para uma mãe que não soubesse o valor de um sorriso? Seria cruel.
- Mas será que ela terá paciência?
- Eu não quero que ela tenha paciência porque, com certeza, se afogará no mar da autopiedade e desespero. Logo que o choque e o ressentimento passar, ela saberá como se conduzir.
- Senhor, eu a estava observando hoje, ela tem aquele forte sentimento de independência. Ela terá que ensinar a criança a viver no seu mundo e não vai ser fácil.
- E além do mais, Senhor, eu acho que ela nem acredita na sua existência.
Deus sorri.
- Não tem importância. Eu posso dar um jeito nisso. Ela é perfeita. Ela possui o egoísmo no ponto certo. O anjo engasgou.
- Egoísmo? E isso é, por acaso, uma virtude?
Deus acenou um sim e acrescentou:
- Se ela não conseguir se separar da criança de vez em quando, ela não sobreviverá. Essa é uma das mulheres que eu abençoarei com uma criança menos perfeita. Ela ainda não faz idéia, mas ela será também muito invejada. Sabe, ela nunca irá admitir uma palavra não dita, ela nunca irá considerar um passo adiante uma coisa comum. Quando sua criança disser 'mamãe' pela primeira vez, ela pressentirá que está presenciando um milagre. Quando ela descrever uma árvore ou um pôr do sol para seu filho cego, ela verá como poucos já conseguiram ver a minha obra. Eu a permitirei ver claramente coisas como a ignorância, crueldade, preconceito e a ajudarei a superar tudo. Ela nunca estará sozinha. Eu estarei ao seu lado cada minuto de sua vida, porque ela estará trabalhando junto comigo.
- E quem o senhor está pensando em mandar como anjo da guarda?
Deus sorriu.
Dê a ela um espelho, é o suficiente!'


Linda história de SUPERAÇÂO!



Esta é a linda  história de superação de uma adolescente que aprendeu a controlar o autismo para se comunicar.
Lê se na tela de um computador: "Meu nome é Carly Fleischmann e desde que me lembro, sou diagnosticada com autismo", a digitação é lenta, a idéia não é concluída sem algumas interrupções, é assim que Carly trava contato com o mundo. Carly é uma adolescente de Toronto, Canadá, e atravessou uma batalha na vida. Ajudada pelos pais, ela conseguiu superar a barreira máxima do isolamento humano.
“Quando dizem que sua filha tem um atraso mental e que, no máximo atingirá o desenvolvimento de uma criança de seis anos, é como se você levasse um chute no estômago", diz o pai de Carly. Ela tem uma irmã gêmea que se desenvolvia naturalmente, e aos dois anos, ficou claro que havia algo de errado. Ela estava imersa no oceano de dados sensoriais bombardeando seu cérebro constantemente. Apesar dos esforços dos pais, pagando profissionais, realizando tratamentos, ela continuava impossibilitada de se comunicar e de ter uma vida normal. O pai de Carly explica que ela não era capaz de andar, de sentar, e todos doutores recomendavam: "Você é o pai. Você deve fazer o que julgar necessário para esta criança".
Eram cerca de 3 ou 4 terapeutas trabalhando 46 horas por semana. Os terapeutas acreditavam que Carly fosse mentalmente retardada, portanto, sem esperanças de algum dia sair daquele estado. Amigos recomendavam que os pais parassem o tratamento, pois os custos eram muito altos. O pai de Carly, no entanto, acreditava que sua criança estava ali, perdida atrás daqueles olhos: "Eu não poderia desistir da minha filha".
Subitamente aos 11 anos algo marcante aconteceu. Ela caminhou até o computador, colocou as mãos sobre o teclado e digitou lentamente as letras: H U R T - e um pouco depois digitou - H E L P. Hurt, do inglês "Dor", e Help significa "Socorro". Carly nunca havia escrito nada na vida, nem muito menos foi ensinada, no entanto, foi capaz de silenciosamente assimilar conhecimento ao longo dos anos para se comunicar, usando a palavra pela primeira vez, em um momento de necessidade extrema. Em seguida, Carly correu do computador e vomitou no chão. Apesar do susto, ela estava bem. "Inicialmente nós não acreditamos. Conhecendo Carly por 10 anos, é claro que eu estaria cético", disse o pai.
Os terapeutas estavam ansiosos para ver provas e os pais incentivavam Carly ao máximo para que ela se comunicasse novamente. O comportamento histérico de Carly permanecia exatamente como antes e ela se recusava a digitar. Para força-la a digitar, impuseram a necessidade. Se ela quisesse algo, teria que digitar o pedido. Se ela quisesse ir a algum lugar, pegar algo, ou que dissessem algo, ela teria que digitar. Vários meses se passaram e ela percebeu que ao se comunicar, ela tinha poder sobre o ambiente. E as primeiras coisas que Carly disse aos terapeutas foi "Eu tenho autismo, mas isso não é quem eu sou. Gaste um tempo para me conhecer antes de me julgar".
A partir dai, como dizem os pais, Carly "encontrou sua voz" e abriu as portas de sua mente para o mundo. Ela começou a revelar alguns mistérios por trás do seu comportamento de balançar os braços violentamente, e de bater a cabeça nas coisas, ou de querer arrancar as roupas: "Se eu não fizer isso, parece que meu corpo vai explodir. Se eu pudesse parar eu pararia, mas não tem como desligar. Eu sei o que é certo e errado, mas é como se eu estivesse travando uma luta contra o meu cérebro".
"Eu gostaria de ir a escola, como as outras crianças. Mas sem que me achassem estranha quando eu começasse a bater na mesa, ou gritar. Eu gostaria de algo que apagasse o fogo". Carly explica ainda que a sensação em seus braços é como se estivessem formigando, ou pegando fogo. Respondendo a uma das perguntas que fizeram a ela, sobre porquê às vezes ela tapa os ouvidos e tapa os olhos, ela explica que isso serve para ela bloquear a entrada de informações em seu cérebro. É como se ela não tivesse controle e tivesse que bloquear o exterior para não ficar sobrecarregada. Ela explica ainda que é muito difícil olhar para o rosto de uma pessoa. É como se tirasse milhares de fotos simultaneamente com os olhos, e é muita informação para processar. O cérebro de Carly não possui a capacidade de catalizar a quantidade imensa de informações para os sentidos, e consequentemente, ela não pode lidar com a quantidade excessiva de informação absorvida.
Segundo o pai de Carly, ela faz questão de dizer, que é uma criança normal, presa em um corpo que a impede de interagir normalmente com o mundo. O Pai de Carly teve a chance de finalmente conhecer a filha. A partir do momento em que ela começou a escrever, se abriu para o mundo. Carly hoje está no twitter e no facebok.  Ela conversa com as pessoas e responde dúvidas sobre o autismo. Com ajuda do pai ela escreveu um livro chamado Carlys Voice (A voz de Carly). Entre os mais variados comentários que ela recebe sobre o livro, um crítico disse: "A história de Carly é um triunfo. O autismo falou e um novo dia nasceu".
Veja algumas perguntas respondidas por Carly que ajudam a elucidar algumas questões do autismo:
Questão 1: Carly, você pode me dizer porque meu filho cospe todo o tempo? Ele tem todos os outros tipos de comportamento também: Bater a cabeça, rolar, balançar os braços, mas o cuspe é asqueroso e realmente faz com que as pessoas queiram ficar longe dele. Alguma idéia?

Carly: Eu nunca cuspi, quando era criança. No entanto, eu babava, e sentia como se cuspisse. Hoje eu percebo que eu nunca soube como engolir a saliva. Eu nunca usei minha boca para falar, e por isso, nunca usei os músculos da boca. Quando você tem saliva presa na sua boca, existem poucas maneiras de se livrar do desconforto. Tente dar a ele alguns doces por duas semanas. Isso vai fortalecer os músculos e ensina-lo a engolir a saliva.

Questão 2: Meu garoto de quatro anos grita no carro toda vez que o carro para. Ele fica bem, desde que o carro mantenha-se em movimento. Mas uma vez que parou, ele começa a gritar. É uma mania incontrolável.

Carly: Eu adoro longos passeios de carro. O carro em movimento, e o visual passando rapidamente permite que você bloqueie outros impulsos sensoriais e foque em apenas um. Meu conselho é que você coloque um DVD no carro com cenário em movimento.

Questão 3: Você alguma vez já gritou sem razão nenhuma? Mesmo com o semblante feliz, e tudo calmo e relaxado, mas você apenas começa a gritar? Minha filha às vezes faz isso e eu estou tentando entender o porquê.

Carly: Ela está filtrando o audio e quebrando os sons, ruídos e conversações através do dia. Além de gritar, ela poderá chorar, rir alto e até demonstrar raiva. É a nossa reação por finalmente entendermos algo que foi dito há alguns minutos, alguns dias ou alguns meses. Está tudo ok com ela.

Questão 4: Como eu faço com que um adolescente pare com movimentos repetitivos na classe? Ele diz que os professores são chatos e que é muito mais divertido na cabeça dele. Eu sei que é, mas ele está perdendo todas as instruções e leituras. Eu estou sempre redirecionando ele, mas ele está perdendo tanto. Me ajude.

Carly: Ok. Preciso limpar uma má interpretação sobre o autismo. Se uma criança está fazendo movimentos repetitivos, não quer dizer que ele ou ela não esteja escutando. De fato, ela escuta melhor se ela estiver fazendo esses movimentos. Eu estou estudando e ainda faço movimentos na classe. Eu tento ser discreta, como se estivesse enrolando um pequeno pedaço de papel nos meus dedos. Todos fazem movimentos repetitivos. Pense nos desenhos que você faz quando está no telefone, ou enrolando a ponta dos cabelos, ou enroscando o lápis entre os dedos. Isso é um "stim" (uma movimentação repetitiva). Não há nada de errado com isso, mas às vezes é melhor tentar ser discreto.
Fonte: http://enfrentandooautismo.blogspot.com.br



Os desafios da educação inclusiva...como fica o papel do professor diante deste desafio?



Em busca de igualdade, estamos aqui!

Vamos iniciar nossa reflexão respondendo a esta importante pergunta. O que é um aluno com necessidades especiais?
O educando que apresenta desvio da média considerada padrão para uma faixa etária determinada, para menos ou para mais, nos aspectos: físico, sensorial e mental.
Alunos com necessidades especiais também são aqueles que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizado devido a: TDAH, problemas de linguagem, transtornos comportamentais, distúrbios de aprendizagem, deficiências múltiplas e síndromes. Alunos superdotados também são considerados alunos com necessidades especiais.
Apesar disso, alunos de baixa cognição são capazes de aprender desde que seja a ele ofertado um atendimento diferenciado e individualizado. Eles têm um aprendizado mais lento, mas aprendem.
Como lidar com estes casos, já que em nosso campo raramente estudamos isso na universidade? E como fica o papel do professor diante deste desafio?
Primeiro, os pais é que devem informar o problema. O professor não deve diagnosticar o aluno. Porém, às vezes, é possível identificar uma dificuldade com que um aluno lida com certas coisas na sala de aula, e, como pedagogos, vamos ter que encontrar soluções pedagógicas. Além disso, diante do diagnóstico um professor deve, acima de tudo, procurar também ajuda profissional, validada pela instituição onde trabalha. Alguns pais, inclusive, podem não saber com lidar com um diagnóstico que muitas vezes parece sentenciar o aluno ao fracasso. A inclusão só será possível mediante um diálogo franco e aberto entre pais e escola, e suporte intenso da instituição de ensino ao professor. Também devemos ter muita paciência e compreensão, e sempre experimentar novas técnicas.
Desafios
Existem muitos desafios para a educação inclusiva:
* Salas de aula cheias, com condições nem sempre favoráveis.
* Tempo limitado e aulas “corridas”, sem tempo suficiente para identificarmos problemas e pensarmos em soluções para lidar com o aluno e, às vezes, com a família do mesmo.
* Achar/procurar estratégias para incluir e envolver essas crianças.
* Descobrir seus pontos fortes e fracos, múltiplas inteligências, etc.
* Currículo  “apertado”, provas com todo o conteúdo, horário mínimo de aula, professores com horários cheios.
* Trabalhar com “avaliações prontas”, que não estão adaptados para estes alunos.
* Prover condições de trabalho que permitam acomodação às necessidades do aluno.
* Trabalhar com as expectativas de forma diferente, encontrando uma forma de envolver este aluno, mas ainda continuando nosso trabalho com os outros alunos.
* Falta de compreensão de turmas que reclamam da “lentidão” de uma aula que favoreça um aluno com necessidades especiais.
* Grande esforço para integrar o aluno à turma e à aula, seguido de avaliação que trata a todos como iguais.
* Baixa autoestima destes alunos com necessidades especiais.
Técnicas e dicas
Ter conhecimento de como o cérebro processa a língua ajuda a personalizar as atividades e catalisar aprendizagem.
Utilizar elogios e estabelecer bom relacionamento com o aluno, estabelecer rapport (chamar o aluno pelo nome, estabelecer contato visual, sorrir, estabelecer relação amigável, atentar para dúvidas e ter paciência com elas, usar bom humor, etc…).
Alunos que precisam se movimentar mais durante uma aula – usar como assistente e dar também um pequeno intervalo para tomar água, para os hiperativos um brinquedinho bem pequeno que não produz som nenhum (tipo bichinho de pelúcia) para acalmar, passar conforto.
Demandar que o aluno produza dentro de sua capacidade de produção. Cada aluno deverá trabalhar dentro de suas possibilidades (isto é inclusão). Não idealizar e sim aceitar que nós professores não estamos na sala de aula para criarmos gênios. Temos que ter MUITA paciência.
Apoio emocional em casa e na escola. Isso pode ajudar a superar os traumas de ser um aluno diferente de seus colegas.
Personalização, observando quando um aluno se sai melhor em sala, com o que ele se sente mais confortável, se é mais auditivo, sinestésico ou visual.
Conversar com o coordenador pedagógico, e uma vez tendo o aluno diagnosticado, estabelecer parceria com os pais com tarefas que sejam a extensão do mundo do aluno em sala de aula e vice-versa.
Fazer exercícios em sala de aula, usando habilidades diferentes.
Trabalhar dentro das possibilidades dos alunos.
Valorizar cada habilidade que um aluno demonstrar ter para a leitura e histórias…
Incentivar o aluno a sentar-se próximo ao professor.
Desenvolver avaliações que ensinem a “olhar a diferença”, e a medir o que o aluno consegue fazer, ao invés daquilo que ele não consegue fazer.
Conhecer bastante cada aluno, conversar com eles, e em alguns casos, ter os números de contato da família sempre à mão.
Contar histórias pode ajudar disléxicos com leitura/escrita.
Trabalhar a consciência da turma em relação a alunos com necessidades especiais. Não se responsabilizar sozinho pela administração da aula, mas compartilhar necessidades também com outros alunos, incentivando a cooperação.
Estar atento às dificuldades destes alunos aula após aula.
Inclusão requer sensibilização da família, escola, colegas de classe, TODOS devem trabalhar juntos.
Usar sensibilidade durante o planejamento e avaliação destes alunos.
Em alguns casos será necessário usar tradução e repetição, e levar outras tarefas para manter os outros alunos ocupados enquanto damos atenção ao aluno com necessidades especiais.
Usar gravação de voz para os exercícios em vez de escrita (para tarefas de casa) e também para memorização da pronúncia.
Provas podem ser lidas para o aluno, separadamente do restante da turma, em alguns casos, sendo que deverão ser adaptadas. O mesmo conteúdo deve ser enfatizado com as devidas flexibilizações.
Izilda Rodrigues