Os estudos sobre o
desenvolvimento das crianças com NEE se
destacam devido a Lev Seminovich Vigotsky que no inicio do século XX apresentou
novas concepções sobre o desenvolvimento humano. As crianças especiais têm um
processo diferente de desenvolvimento. Em alguns casos apresentam desmotivação
e incômodo com as tarefas escolares por um sentimento de incapacidade, que leva
a frustração.
Os professores
precisam ter um olhar diferenciado para estas crianças, trabalhando e identificando
suas potencialidades e habilidades. A maioria das escolas de hoje são muito conteudistas.
É preciso mudar a forma de ensinar para mudar a forma de aprender. É preconceito
achar que todos aprendem da mesma forma. Existem diferentes formas de promover
o desenvolvimento das crianças.
Para obter resultados
concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos,
psicopedagogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único
objetivo: ajudar a criança.
O primeiro passo é
compreender como a criança aprende, certos de que todas as crianças podem
aprender, mas não em qualquer situação. A aprendizagem se dá a todo momento da vida.
Para que possa aprender a criança precisa se envolver no processo de
aprendizagem, interagir seja com o adulto ou com o meio. Com a criança
especial, a principio trancafiada em casa no convívio familiar, não era exposta
a sociedade, este processo também acontece. Hoje exposta em um ambiente em que
se sinta desafiada a tentar mais, a desenvolver seu potencial, ela acaba sendo
relegada a um cantinho da sala, executando uma tarefa simples qualquer sem nenhum
objetivo pedagógico.
Segundo SILVA et alli
(2010, p. 211), Vygotsky afirma que “é importante ter uma visão positiva da
deficiência, pois uma criança com deficiência não é uma criança defeituosa”.
Seus 15 estudos foram focalizados em como se dava o desenvolvimento dessas
crianças a partir dos pressupostos gerais que orientavam a sua concepção do
desenvolvimento de pessoas consideradas normais. Para Vygotsky de acordo com
Silva (2010 p. 210), o desenvolvimento de uma criança sem deficiência e de uma
criança com deficiência segue as mesmas leis gerais; a diferença encontra-se
nas peculiaridades do desenvolvimento de cada uma, determinando formas singulares
de interlocução com outros e de intervenção no mundo.
Partindo desses
pressupostos ele destacou somente aspectos qualitativos desses indivíduos, que
fizeram com que as crianças com NEE, fossem não simplesmente menos
desenvolvidas em determinados aspectos, mas sujeito que se desenvolvessem de
uma outra maneira. Tal análise possibilitou uma compreensão dialética do
desenvolvimento, na qual os aspectos tidos como normais e especiais interagem
constituindo os sujeitos com necessidades especiais. Vygotsky apud Monteiro
(1989 p. 89) em seus estudos; centrou sua atenção nas habilidades e que tais
crianças possuíam, habilidades estas que poderiam formar bases para o
desenvolvimento de suas
capacidades
integrais, mostrando interesse mais pela força do que por suas falhas,
rejeitando as descrições quantitativas por ser instrumentos com visão incompleta
ou unidimensional sobre a criança. Preferiu, então, confiar nas descrições
qualitativas da organização de seus comportamentos. Para este pesquisador a
qualidade do aprendizado do educando com deficiência sobrepõe a quantidade de
conteúdos. Monteiro (1989 p. 94) ainda continua dizendo que; desde os primeiros
anos de vida, a criança que apresenta uma deficiência ocupa uma certa posição
social especial, onde sua relação com o mundo ocorre de maneira diferente das
crianças “normais”. Geralmente atribuí-se uma série de qualidades negativas às
pessoas com deficiências, e fala-se muito sobre as dificuldades de seus
desempenhos, por pouco se conhece das suas particularidades positivas.
Desse modo,
homogeneiza-se suas características, falando muito de suas falhas esquecendo-se
de falar sobre as características positivas que as constituem como pessoa. “É
impossível apoiar-se no que falta a sua criança, naquilo que ela não é.
Torna-se necessário ter uma idéia, ainda que seja vaga, sobre o que ela possui,
sobre o que ela é”.(VYGOTSKY apud MONTEIRO, 1989, p.102).
Na educação especial,
o importante é conhecer como o aluno se desenvolve, ou seja, enfatiza não a
deficiência em si mesma, não o que falta, porém como se apresenta o processo de
desenvolvimento; como ele interage com o mundo: como organiza seus sistemas de compreensão;
as trocas; as mediações que auxiliam na sua aprendizagem; a participação ou exclusão
da vida social; a sua história de vida. Deve-se reconhecer que a deficiência
possui uma dupla influência no desenvolvimento, se por um lado atua como
limitação, criando obstáculos, prejuízos e dificuldades, por outro serve como
estímulo para o desenvolvimento das vidas de adaptação, canais de compreensão.
Quando se limita a
oportunidade de integração do educando com necessidade especial em relação ao
seu contexto social interfere em seu desenvolvimento. A sua exclusão do meio social
lhe traz complicações de um desenvolvimento social insuficiente, com
considerável prejuízo na aprendizagem e no desenvolvimento.
A escola, por sua
vez, é um espaço interativo por excelência, possuindo grande papel no desenvolvimento,
oportunizando a integração social, impulsionando a aprendizagem, criando zonas
de desenvolvimento proximal, propiciando as compensações às necessidades
especiais, tornando-se necessário entender como são desenvolvidas as propostas
educacionais voltadas às crianças com NEE, pois “o aprendizado é uma das
principais fontes da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força
que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu
desenvolvimento mental.” (VYGOTSKY apud MONTEIRO, 1989, p.74).
Uma das preocupações
de Vygotsky foi analisar as práticas institucionais da educação especial, pois
reconhecia o grande papel da aprendizagem escolar no desenvolvimento das crianças
com necessidades especiais. Ele criticou a prática de isolamento das propostas
da escola especial. Por encerrar o aluno com necessidades especiais criando um
mundo pequeno estreitando as suas oportunidades, acomodando-se.
Izilda Rodrigues
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