domingo, 27 de maio de 2012

Reflexões sobre o desenvolvimento da aprendizagem das crianças com Necessidades Educacionais Especiais...

                          
Os estudos sobre o desenvolvimento das crianças com NEE  se destacam devido a Lev Seminovich Vigotsky que no inicio do século XX apresentou novas concepções sobre o desenvolvimento humano. As crianças especiais têm um processo diferente de desenvolvimento. Em alguns casos apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares por um sentimento de incapacidade, que leva a frustração.
Os professores precisam ter um olhar diferenciado para estas crianças, trabalhando e identificando suas potencialidades e habilidades. A maioria das escolas de hoje são muito conteudistas. É preciso mudar a forma de ensinar para mudar a forma de aprender. É preconceito achar que todos aprendem da mesma forma. Existem diferentes formas de promover o desenvolvimento das crianças.
Para obter resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos, psicopedagogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança.
O primeiro passo é compreender como a criança aprende, certos de que todas as crianças podem aprender, mas não em qualquer situação. A aprendizagem se dá a todo momento da vida. Para que possa aprender a criança precisa se envolver no processo de aprendizagem, interagir seja com o adulto ou com o meio. Com a criança especial, a principio trancafiada em casa no convívio familiar, não era exposta a sociedade, este processo também acontece. Hoje exposta em um ambiente em que se sinta desafiada a tentar mais, a desenvolver seu potencial, ela acaba sendo relegada a um cantinho da sala, executando uma tarefa simples qualquer sem nenhum objetivo pedagógico.
Segundo SILVA et alli (2010, p. 211), Vygotsky afirma que “é importante ter uma visão positiva da deficiência, pois uma criança com deficiência não é uma criança defeituosa”. Seus 15 estudos foram focalizados em como se dava o desenvolvimento dessas crianças a partir dos pressupostos gerais que orientavam a sua concepção do desenvolvimento de pessoas consideradas normais. Para Vygotsky de acordo com Silva (2010 p. 210), o desenvolvimento de uma criança sem deficiência e de uma criança com deficiência segue as mesmas leis gerais; a diferença encontra-se nas peculiaridades do desenvolvimento de cada uma, determinando formas singulares de interlocução com outros e de intervenção no mundo.
Partindo desses pressupostos ele destacou somente aspectos qualitativos desses indivíduos, que fizeram com que as crianças com NEE, fossem não simplesmente menos desenvolvidas em determinados aspectos, mas sujeito que se desenvolvessem de uma outra maneira. Tal análise possibilitou uma compreensão dialética do desenvolvimento, na qual os aspectos tidos como normais e especiais interagem constituindo os sujeitos com necessidades especiais. Vygotsky apud Monteiro (1989 p. 89) em seus estudos; centrou sua atenção nas habilidades e que tais crianças possuíam, habilidades estas que poderiam formar bases para o desenvolvimento de suas
capacidades integrais, mostrando interesse mais pela força do que por suas falhas, rejeitando as descrições quantitativas por ser instrumentos com visão incompleta ou unidimensional sobre a criança. Preferiu, então, confiar nas descrições qualitativas da organização de seus comportamentos. Para este pesquisador a qualidade do aprendizado do educando com deficiência sobrepõe a quantidade de conteúdos. Monteiro (1989 p. 94) ainda continua dizendo que; desde os primeiros anos de vida, a criança que apresenta uma deficiência ocupa uma certa posição social especial, onde sua relação com o mundo ocorre de maneira diferente das crianças “normais”. Geralmente atribuí-se uma série de qualidades negativas às pessoas com deficiências, e fala-se muito sobre as dificuldades de seus desempenhos, por pouco se conhece das suas particularidades positivas.
Desse modo, homogeneiza-se suas características, falando muito de suas falhas esquecendo-se de falar sobre as características positivas que as constituem como pessoa. “É impossível apoiar-se no que falta a sua criança, naquilo que ela não é. Torna-se necessário ter uma idéia, ainda que seja vaga, sobre o que ela possui, sobre o que ela é”.(VYGOTSKY apud MONTEIRO, 1989, p.102).
Na educação especial, o importante é conhecer como o aluno se desenvolve, ou seja, enfatiza não a deficiência em si mesma, não o que falta, porém como se apresenta o processo de desenvolvimento; como ele interage com o mundo: como organiza seus sistemas de compreensão; as trocas; as mediações que auxiliam na sua aprendizagem; a participação ou exclusão da vida social; a sua história de vida. Deve-se reconhecer que a deficiência possui uma dupla influência no desenvolvimento, se por um lado atua como limitação, criando obstáculos, prejuízos e dificuldades, por outro serve como estímulo para o desenvolvimento das vidas de adaptação, canais de compreensão.
Quando se limita a oportunidade de integração do educando com necessidade especial em relação ao seu contexto social interfere em seu desenvolvimento. A sua exclusão do meio social lhe traz complicações de um desenvolvimento social insuficiente, com considerável prejuízo na aprendizagem e no desenvolvimento.
A escola, por sua vez, é um espaço interativo por excelência, possuindo grande papel no desenvolvimento, oportunizando a integração social, impulsionando a aprendizagem, criando zonas de desenvolvimento proximal, propiciando as compensações às necessidades especiais, tornando-se necessário entender como são desenvolvidas as propostas educacionais voltadas às crianças com NEE, pois “o aprendizado é uma das principais fontes da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental.” (VYGOTSKY apud MONTEIRO, 1989, p.74).
Uma das preocupações de Vygotsky foi analisar as práticas institucionais da educação especial, pois reconhecia o grande papel da aprendizagem escolar no desenvolvimento das crianças com necessidades especiais. Ele criticou a prática de isolamento das propostas da escola especial. Por encerrar o aluno com necessidades especiais criando um mundo pequeno estreitando as suas oportunidades, acomodando-se.

Izilda Rodrigues


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